terça-feira, 23 de março de 2010

Canção sobre Límerson em Curitiba

estou há quatro anos em Curitiba

e absolutamente nada aconteceu

passei sete anos numa faculdade

pra depois ser jubilado

vivi alguns anos apaixonado

por vultos do impalpável

faz duas semanas que eu não como nada

estou pele e osso ralo

resvalando em muros

manchando sapatos

os meus cotovelos

os meus cognatos

tem dias que eu penso

em acabar com tudo

mas sempre me esqueço

e como um x-salada

vivendo de meia refeição diária

uma hora ou outra eu caio

faz vinte e dois anos que eu só penso nisso

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Diário de Leo Gonzales - Temporada Croata

Límerson
 

era um performer. Dizia que transformava os lugares. Dizia verbalmente e fisicamente. Eu sempre dizia isso, e sempre que conversávamos sobre isso a ingenuidade saltava à olhos vistos. O que é normal. Ele falava e falava e falava... Quanta bobagem se fala quando se fala. Em silêncio, Límerson aprendeu a entender melhor sua produção, desde que se despediu da pequena-grande Bauru. Compreendeu que de nada adiantaria apenas soltar babas e cacos ou cacoetes filosóficos. Compreendeu, na verdade, que isso tudo estava inserido na sua trama idiossincrática, no seu trauma intrauterino, intracéfala metalinguagem. 

Hoje, eu pergunto, Límerson, para onde estamos indo? 


Assistir à sua próxima peça, com ares de estúdio televisivo underground, onde algum programa de televisão da sua infância, ou alguma programação mental da sua infância, alguma programação inseticida contra as mariposas, alguma re-programação... você clama por alguma reprogramação.  Eu peço calma. Não é debochando dos outros descaradamente, nem provocando atitudes de auto-mutilação, como no seu mais novo machucado. Não. Não é nada disso. Você esbarra, esbarra, esbarra e esbarra. Olhe com mais atenção aonde você está atingindo. E com o que você pretende que isso ocorra. 

Estou por aqui, envolvido com profundas pesquisas étnicias, observando de longe suas atitudes, e a de todos que estão ao seu redor. Preocupado, pois penso no admirável casal que são os seus pais, e incomodado em voltar, considerando a poderosa áurea que noto em cada ato de sua autoria. Não sei onde isso vai dar.


FOTO DE LEO GONZALES - "Situado na costa da cidade de Zadar, na Croácia, encontramos o Órgão do Mar:
degraus cravados nas rochas que têm no seu interior um interessante sistema de tubulações que, quando accionados pelos movimentos do mar, forçam o ar e dependendo do tamanho e velocidade das ondas, criam belas notas musicais, de sons aleatórios.

Criado em 2005, ganhou o prémio europeu para espaços públicos (European Prize for Urban Public Space). O Órgão do Mar recebe turistas de várias partes do mundo que vêm apreciar a música original portadora de muita paz.

O lugar também é conhecido por oferecer um belo pôr-do-sol, o que agrada ainda mais às pessoas que visitam a localidade.

Zadar é uma bela cidade litoral da Croácia e foi duramente castigada durante a 2º Guerra Mundial.

A criação do Órgão é também uma iniciativa para devolver um pouco do que o lugar perdeu com tanta destruição e sofrime".

segunda-feira, 23 de março de 2009

FORMIGAS GLITTER no FESTIVAL DE TEATRO DE CURITIBA - A genialidade desenhada na chatice

Para mim nada importa muito neste Festival de Teatro de Curitiba. O teatro destruiu a vida de Límerson. Eu odeio o teatro. E pouco importa ao mundo se de fato Curitiba é um filtro da cultura, e que o que faz sucesso por lá, fará sucesso no Brasil inteiro, não provando inclusive a mínima qualidade. Nada. Zero. Ilusão, pura ilusão.
Mas, neste domingo fui assistir ao espetáculo do meu amigo/inimigo Límerson, Formigas Glitter, do Núcleo Espetacular, ou Núcleo de Espetacularidades N.A.R.K.O.S.E.. Eu sei que para o pessoal do teatro a estréia é uma coisa muito delicada, muitas coisas costumam dar errado, os atores dão seus típicos pitis com a equipe técnica e no final da temporada ninguém se agüenta mais. Teatro é uma merda mesmo. Em Formigas Glitter, o texto parece ser a única via de comunicação sustentável na qual o público pode pensar em se apegar. Pode ser. Será? Com tantas repetições com pequenas variações, referências saturadas do mundo pop, textos que contextuam cenas e desmentem textos anteriores, textos que desmentem cenas, cenas que confirmam textos.
A repetição em Formigas Glitter, dos imensos e insuportáveis monólogos de Límerson, torna o espetáculo cansativo, sobretudo para aqueles que caíram na armadilha do texto ser a única coisa sustentável. É uma mentira. A base do teatro. A meia-mentira. A meia mentira que é o Festival de Teatro de Curitiba, a meia mentira que é a sigla N.A.R.K.O.S.E., a meia mentira que é Vincent Van Price, o suicidado da sociedade de Walter Benjamin (pararetrucando com artaud), onde estamos? É um império?
Não, nada está acontecendo, é o inferno. Vincent Van Price, um artista pós-moderno, vitima de uma complexa crítica, escrita por dois críticos de arte cabeleireiros que costumam fazer hamburgueres de microondas. Mas esta complexa crítica parece não ser apenas uma crítica de arte, e sim um leitmotiv para relações críticas, de crise, de final de ciclo/siglo/século. Uma crise onde nada acontece. Ou melhor, o que acontece está muito longe do que estamos vendo acontecer. Mas o que estamos vendo acontecer é exatamente o que está acontecendo. O gênio o instinto do indivíduo a idiossincrasia... são rascunhos da chatice.

Leo Gonzales

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Em breve:

LEITURA PÓSTUMA DA GRANDE CARTA DE LÍMERSON A LEO GONZALES, ou

LEO GONZALES ESTÁ ESPERANDO A MORTE DE LÍMERSON

"ELE ESTÁ SE AFASTANDO. ELE PARECE IR EMBORA. PARECE QUE ELE SE FOI"



PERFORMANCE DE DILATAÇÃO TEMPORAL

DURAÇÃO: 10 à 12 horas;
LOCAL: Faculdade de Artes do Paraná
DATA: 02/03/2009

NO PRIMEIRO DIA DE AULA DA FAP

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

MOVEMBER RAIN MAN

MENSAGEM DE BOAS VINDAS

GENTE: PASSEI NO VESTIBULAR DA FAP...
AGORA ESTOU ME AGILIZANDO PARA PRODUZIR MAIS EM CURITIBA
ATÉ AÍ, NENHUMA NOVIDADE...

EU ESTAVA OBSERVANDO O SITE DA FAP www.fap.pr.gov.br, PARA CONFIRMAR A DATA DE INÍCIO DAS AULAS POR LÁ, POIS NESTE DIA TENHO UMA INTERVENÇÃO, ONDE FICAREI O DIA INTEIRO...
BEM DISSO EU FALO DEPOIS

MAS HAVIA NO SITE UMA MENSAGEM DE BOAS VINDAS DA DIREÇÃO, QUE NÃO TINHA NADA DEMAIS, A NÃO SER POR UMA FRASE

EXPRESSAR-SE COM O MÍNIMO POSSÍVEL DE PRECISÃO

SERÁ SÉRIO E POSSÍVEL E PLAUSÍVEL UMA META DESTA NUMA ACADEMIA????????????????????????????????????????????????????????


terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Pressentimento

O céu está com uma cara estranha hoje. Cara de que vai acontecer uma grande merda. Sim... uma imensa merda. Eu prefiro olhar para o céu do que para o mar. Não tenho a mínima identificação com a metáfora do mar, sempre significante da idéia de passagem, de transito, de corrente. Sempre “nunca é o mesmo mar”. Mas nunca foi o mesmo mar. Assim como nunca foi a mesma terra, nem o mesmo céu. Não é a mesma pessoa que se vê cinco minutos depois de já ter visto um reflexo no espelho. Eu deixei também de ter uma relação de confiança com a minha visão desde os oito anos, quando foi diagnosticada minha miopia. Nada prova nada. E a visão do céu é tão transitória quanto a visão do mar. Sem mencionar ainda a disfunção temporal inerente ao ato de olhar para o céu. Antes eu achava sexy usar óculos. Agora vejo como uma forma maleável de ceticismo.
Alguma coisa está se movendo no céu bem devagar, que parece ser o próprio céu se movendo. E este movimento tão lento vem de uma forte corrente de ar. Esquisita esta disfunção temporal. Eu tenho a impressão de que todo o céu se move sem saber equacionar na minha cabeça o que é este céu todo. Céu? De onde até aonde? Estou preocupado.
Um pressentimento de que vai acontecer uma grande merda me faz escrever. Esta grande merda não se trata de uma catástrofe, como se tem visto, ou de uma desgraça, como se tem visto, ou de uma revolução, como se tem visto. Acho que não se trata de dada como se tem visto. É um acontecimento bestial como nunca se tem visto, como nunca se viu acontecer. Talvez até seja uma espécie de acontecimento como nunca se viu acontecer que já está acontecendo.
É melhor ficar dentro de casa hoje